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terça-feira, 14 de setembro de 2010

Prólogo


Quando pequena minha mãe sempre dizia:
- A vida é um teatro de marionetes, onde temos que zelar por elas e, a cada dia inventarmos uma atuação diferente, para no final do espetáculo, escutarmos o eco decrescente das ovações.
Durante muito tempo ouvi isso. Certo dia ela completou:
- Infelizmente as pessoas esperam que esse espetáculo torne-se uma porcaria!
Meus olhos encheram-se de lágrimas repentinamente, meus sapatos pretos de número 33, tocaram-se, mas atrevidamente perguntei:
- Por que, mamãe?
Ela parou e respondeu-me:
- Porque somos falhos.
E continuou:
- Deixamos que uma simples falha, torne-se motivo para descartar-nos como se fossemos marionetes podres, velhas e usadas. Sem utilidade alguma.
Após 12 anos de reflexão, descobri que a minha vida sempre foi um constante teatro, apenas não tinha percebido que "as cortinas estavam abertas", e "os holofotes desligados".
Sempre pensei em como seria o meu futuro, em todas as coisas que poderia fazer. Mas percebi que o que fazia não eram medidos os resultados.
Fiz-me coadjuvante, e no decorrer, as mais inimagináveis e diversas atuações sobressaíram-se sobre mim. Foi aí que a visão crítica foi despertada e, que um mundo grande, defeituoso e pesado caiu sobre mãos tão pequenas e inúteis, causando um impacto exorbitante sob um miserável papel, que numa relação contínua com o tempo, transformou-se no centro de rotação do espetáculo.