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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Iº Capítulo - A morte (parte I)

- "Princeton - Estado de Nova Jérsei, rodovia, acidente localizado, uma morte, um ferido grave, dois ferido leves..."
- Justin Kanions, é isso?
- Huhum.
- Fizemos o possível, mas sua mãe não resistiu. Morte cerebral.
- E meu pai? - Falou chorando.
- Ele sofreu traumatismo craniano, já foi encaminhado, ficará em observação.
- Tá, muito obrigado, é... Sr° Crowly.
- Se precisar de ajuda, é só chamar pelo número dos bombeiros. Ah, sua irmã está na ambulância, recebendo assistência médica.
- Maggie, tudo bem? - Ela afirmou com um gesto.

A parti dali foram para casa. Não conseguira pregar os olhos, passara a noite em claro. O sol foi visto nascer, enquanto seu coração dilacerava lentamente por dentro. Não comia, não falava, nem mesmo chorava, nada lhe vinha em mente, para si aquilo não acontecera, estava em situação de choque, nada faria, pois sentia-se impossibilitada. Uma nuvem negra atravessou-lhe o peito, arrancando sua voz, seu cérebro e movimentos. O que lhe restava? Ah!, uma carcaça de pele e ossos com 17 anos de formação, inútil. Segurar-se era em vão, involuntariamente seu corpo respondia com o mais assombroso e aterrorizado grito, que ia sumindo dentro daquele vazio ilimitado.
- Maggie, posso entrar? - Disse Justin - Olha, trouxe leite, manteiga, pão e ovos. Vou deixar aqui, mas precisa comer, irá fazer 12 horas que chegamos e você não comeu nada.
Escutara o rangido da porta ao bater. Nada sentia, a não ser a sensação de ser tomada por algo medonho e paralisador, que a deixava no mais desesperador dos silêncios, enquanto seu corpo voltava pouco a pouco a ter o chão como apoio. Mesmo que quisesse, não conseguia que aquela coisa saísse de si, então chorou, chorou por longas horas, chorou até não poder mais. Agora, mais do que nunca, sentia que era raiva, o ódio e o desespero, que provocavam tal vazio. Enquanto tudo acontecia, foi adormecendo, já não dominava mais nada, anoitecera e, seu corpo fora-se embora junto com o dia. Precisava recompor forças, porque distante estava o fim.
- Maggie? Ma... ah! - sussurrou - Boa noite.
Amanheceu, a casa continuava sigilosa. Tentou descer as escadas silenciosamente, impossível, elas uivavam sons defeituosos. Elas a assustavam. Não mais, nada se tornaria pior que a dor que sentia.