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sábado, 9 de outubro de 2010

IIº Capítulo - Visão Crítica ( Parte I)


Terminara as férias. Voltariam a escola. Maggie ocuparia sua mente, conheceria novas pessoas, faria coisas diferentes. Em meados de Setembro, Princeton não era mais a mesma, a pacata cidade universitária, enchia-se de novos moradores, ganhava novos sentidos. A cidade estudantil ficava bem agitada. Assim responderia ao fenômeno das variações. Mas tudo não era simplesmente tão fácil. No momento todas atenções tinham uma única direção. Ao menos num mundo tão confuso e jovem, de uma cabeça adolescente. Os dias se passavam, mas aquela sensação obscura continuava ali, hospedada, indiscutivelmente imóvel. Algumas vezes o tempo parava. Era transitório, mas acontecia tudo novamente, do mesmo modo.
- Chegamos

- Está tocando o sinal. Tenho que ir.

Sua face tinha aspecto sereno, um sorriso leve tornava seus lábios claros a vista, passos firmes coincidiam, todos a olhavam, até o momento em que tudo estagnou. Não havia explicações. Apenas dúvidas, aquele medo, aquela aflição.
- Ah, não, não.

- Maggie, acorda! - Gritou Justin.

- O que foi? - Falou assustada.

- Você estava impaciente. Parecia está tendo um pesadelo.
- Então... - Pausou ela, respirando ofegante - Não estávamos na escola.

Levantou, dirigiu-se ao chuveiro, precisava refrescar sua mente.

-“Agora, estamos indo pra escola, daqui a um semestre terminará as aulas, isso é assustador. O fato de como poderá ser minhas férias, me lembra o acidente, tenho medo de sofrer de novo. Não sei se seria forte o bastante, não sei se superaria - Pensou ela, enquanto as últimas gotas tocavam sua pele.

- Chegamos.

- Está tocando o sinal, tenho que ir. Ah, não, isso de novo não! As pessoas, o sinal, minhas pernas!

- Maggie, Maggie! - Gritou sua colega.

- Oi, Pixie.

- Você está bem?

- Não... As minhas pernas? - Olhou-as e nada viu.

- O que tem elas?

- Ah, nada!

- Estranho. Maggie, eu estava falando, que soube da morte da sua mãe e, que sentia muito, de repente parecia que você não estava me escutando.

- É que... Eu estava lembrando de uma coisa.
- Que coisa?

- Nada importante.
- Tem certeza? Porque você estava diferente.

- Não, não, tudo bem?

- Mesmo?

- Mesmo - Afirmou Maggie, entrando na sala.

- Então, está bem - Disse Pixie.

- Sentem-se, por favor, peguem os folhetos nas mesas e vão para os pianos. Hoje vamos aprender a tocar o primeiro soneto de Beethoven. - Disse a professora.
Aula de música. Estava frio. Maggie pôs seu casaco de algodão e, sentou. Seus dedos estavam gelados e sensíveis, chacoalhou-os para esquentá-los e estralou-os num exercício conjunto. Dispôs do piano e começou tocar. Maggie era ótima. Conseguia compreender as combinações. Expressava em cada nota, segurança e experiência. Tudo parecia muito simples. Podia tocar todo dia, se não existissem horas. A aula transformava-se em terapia e ela tornava-se sem problemas.


Se passaram três aulas, chegou o intervalo, isolava-se e compunha. Escrever nã
o era apenas um ato desgastante, mas sim, uma forma de fazer confissões a um ouvinte inesperado, oculto. Mas do que um hob, era uma forma de desabafar, de esquecer um pouco as coisas. Ainda que não demonstrasse, era difícil aceitar aquela nova condição. Compunha sobre si, sobre sua família, sobre sua vida... E sobre tantas surpresas.
- Maggie?

- Oi Justin.

- Trouxe hambúrguer, fritas e suco - Disse Justin, entrando - E aí, compondo?
- Sim, se chama “The life is a butterfly”.
- Posso ver, Maggie? - E ela o permitiu com um gesto - Maggie... Olha, você ainda não consegue conviver com isso, não é?

- É, as vezes tudo parece muito difícil.

- Justin, está ai? - Disse Leó interrompendo-os.

- Oi Leó.

- Vamos, já vai começar o treino de futebol.
- Tá bom, já estou indo. Vejo você depois, tá maninha - sussurrou ele.