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quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Iº Capítulo - A morte (parte II)
- Justin, Justin?!
- Nossa Maggie, você não sabe o quanto é bom ouvir sua voz.
- Justin, me abraça - Ele chorando o fez - Obrigada!
- Pelo o quê?
- Sabe Justin, até ontem, eu não conseguia pensar em nada, só sentia alguma coisa me consumindo, aquilo parecia que iria me destruir. Eu estava aqui, mas sentia o contrário. Eu estava paralisada, entende?
- Olha...
- Não Justin, espera! - o interrompeu - De noite as coisas foram se acalmando, mas eu já não tinha coragem para pensar em mais nada, meu olhos já estavam inchados de chorar e, meu corpo estava cansado. Hoje cedo não tinha nada normal, mas eu consegui sentir uma calma, que me mudou. Justin, eu não sei o que faria sem você.
- Oh, maninha não fica assim, tá - ele sorriu tentando consolá-la. - O hospital ligou. O papai receberá alta, iremos buscá-lo às 13:00hs. Às 16:00 será...
- O enterro da mamãe?! - Ela chorou.
- Sim, você precisa ser forte.

Foram ao hospital, continuava desanimada, mas já tinha sofrido bastante, agora tinha que pensar um pouco no seu pai. Ao vê-los, ele encheu os olhos de lágrimas, ela saira da sala para não voltar a sofrer. Impossível não ouvir.

- É verdade? - Seu pai perguntou.
Ouviu o choro.
- Vem cá filho.
Ela deduziu a ação.
Levaram seu pai para casa. Tudo tornara-se estranho, as coisas estavam confusas.
- Tudo bem papai? - Questionou ela após pausa.
- Tudo bem - respondeu ele, prosseguindo.
Pensava ela:
"Papai não está mais o mesmo, a casa já não está como antes, tem outro aroma, outro som; É a morte, inevitavelmente está aqui. Talvez em tudo ou em nada. Apenas nas nossas memórias."
Eram 16:00hs, estavam no cemitério, havia muitas pessoas. Todos aqueles vultos pretos, a faziam recordar aquela noite, o quanto estavam felizes. Porque ali? Porque tudo acabou daquele jeito? Idiota, porque fazia essas perguntas? Inútil, sua mãe estava sendo enterrada, os fungos e bactérias comeriam todo o seu corpo. O que deixariam? Restos imundos. Agora era a única mulher da casa, iria caminhar por um lugar, onde tudo se torna cada vez mais alto, mais estreito, mais sombrio. Teria que assumir uma responsabilidade enorme. Não iria descepcioná-los.
Ficou somente... A IMAGEM. Face pálida, olhos suaves, lábios rochos... E um jato de areia.
- Vamos?!
- Vamos.